Satiko e suas espadas
EM HOMENAGEM À HECTOR GUSTAVO
Guiada pelo ritmo da música que pairava no ambiente, ela se sentou
numa das banquetas do balcão, teve de atravessar um mar de gente para conseguir
isso. Odiava as noites de Neo Tokyo,
o jeito gatuno dos moradores da região a irritava, fora os barulhos excessivos
e a poluição visual que era ensurdecedora, palavra que aqui se adéqua muito
bem.
Quando se sentou ao bar, imediatamente
veio um cara lhe importunar, azar o dela, seu chip tradutor usado no ultimo
serviço estava ativo então quando o cara veio com aquele japonês habitual dos
moradores de Neo Tokyo ela já sacava
a situação:
– Qual é? Sei que me entende!
- O suficiente para te desprezar.
- Você é muito ranzinza, eu gosto
disso. E essas espadas...
- Toca nelas e você sofrerá
instantaneamente – ao ouvir essas palavras, o cara empunhou o cabo de uma das
duas katanas nas costas da garota, e ao perceber o ato, a garota enfiou o pé no
peito do cara, isso durou frações de segundos, tempo o suficiente para o cara
voar longe. A multidão nem se importou, todos continuaram a dançar – Eu avisei!
O cara empenhado em se vingar
partiu com tudo para cima dela, isso se deu quando as luzes piscavam dando à
cena um ar de stop-motion, não dava
pra distinguir nada, as únicas coisas que mantinham sua forma eram a multidão
ensurdecedora dançante, e o brilho roxo das katanas; sem contar o sentimento
promiscuo de raiva misturada à muita bebida e drogas sintéticas.
O brilho roxo cruzava no ar e
simbolizando a batalha, formava figuras aéreas, Satiko estava cansada, resolveu
por um fim à luta. Se inclinou para baixo e flexionou as pernas e em um salto
pulou para fora da boate. O cara obviamente a seguiu. Ela foi trazendo ele para
um beco sem saída e a partir dali deu continuidade a batalha:
-Voce está morta, garota – Disse ele
em meias palavras- você sabe quem eu sou?
Sua espada corta os ares, e de
repente um feixo de luz curva roxeada segue a lamina. O gangster, que estava a
importunar, tremeu de medo. Balbuciou algo em japonês enquanto ela ainda se
manteve em posição de guarda. Empunhou sua pistola e disparou três tiros para
cima, como se fosse um aviso. Ela ainda em posição de guarda disse para o
rapaz:
- Diga seu nome e morra com
honestidade!
- Não te devo nada.
- Pelo contrário – Sua
movimentação foi tão rápida quanto o raio que cruzou os céus!
Ali jazia a cabeça e o corpo de
Watari Matsumoto, um dos membros da Yakuza local, foi o que a polícia
descobriu, eles não tiveram permissão para retirar o corpo, os próprios membros
da organização vieram e recolheram os restos mortais que haviam sobrado e assim
lhe deram um enterro digno.
Comentários
Postar um comentário