O Taxista
Autor: Pedro Emmanuel
Nas ruas agitadas de são Paulo dos anos oitenta, Valdemar
fazia sua primeira corrida do dia. Seu passageiro era quieto demais, e aquilo o
incomodava muito:
- Vai pra onde?
- Avenida Paulista
Foram as únicas palavras que o sujeito durante
os trinta minutos. E ainda o filha da puta sacou um maço Dr Frank e começou a
fumar dentro do carro. Filha da puta. Valdemar não se conformava com cigarros
baratos, para ele se for para morrer de câncer, precisa ser fumado um cigarro
de qualidade.
- Dá seta arrombado!
Um opala acabara de lhe cortar pela esquerda, e em seguida
perguntou ao passageiro:
- Não te dá raiva esses caras?
Nenhuma resposta. Sujeito esquisito. Era calvo e gordo,
tinha um bigode saliente que tampava a boca, aparentava ter uns quarenta anos
de idade. Finalmente chegou à avenida paulista e para a surpresa de Valdemar:
- Encosta ali na frente- disse a primeira frase e fez um
gesto indicativo- quanto lhe devo pela corrida
O taxímetro indicava vinte cruzeiros
- Vinte cruzeiros
O cara separou a grande e entregou. Logo após saiu do carro
sem agradecer. Isso deixou Valdemar puto da cara:
- Que bela merda
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